Garça Branca
Garça-branca-grande
A garça-branca-grande (Ardea alba, sinônimo Casmerodius albus), também conhecida apenas como garça-branca, é uma ave da ordem Pelecaniformes. É comum à beira dos lagos, rios e banhados. Foi muito caçada para a retirada de egretas - penas especiais que se formam no período reprodutivo - para a indústria de chapéus para mulheres.
Nome Científico
Seu nome científico significa: do (latim) ardea = garça; e do (latim) alba, albus = sem brilho, branco. ⇒ Garça branca.
Características
Mede entre 65 e 104 centímetros de comprimento e pesa entre 700 e 1700 g (Martínez-Vilalta, Motis, e Kirwan, 2016). É uma das mais elegantes garças brancas. De plumagem inteiramente branca, o que, juntamente com o seu grande tamanho, suas longas pernas e pescoço, a torna uma ave inconfundível. O pescoço muito longo forma um S característico em repouso. O bico é longo e amarelo ou amarelo-alaranjado, pernas e dedos pretos e íris amarela. O loro pode ser esverdeado. Conforme a época da reprodução se aproxima, penas longas e ornamentais chamadas egretas aparecem nas costas, na parte inferior do pescoço e no peito, podendo medir 50 cm ou mais, que servirão como elementos de sedução durante o namoro.
Subespécies
Possui três subespécies reconhecidas, que são diagnosticadas pelo tamanho do corpo e, principalmente, pela cor das partes nuas (bico e pernas) quando os adultos estão em condições de reprodução:
§ Ardea alba alba (Linnaeus, 1758) - ocorre na Europa central, na Ásia (RÚssia, China e Japão), e Oriente Médio (Golfo Pérsico). Durante a reprodução, o bico é principalmente enegrecido, lores verdes brilhantes, tíbia preta e coxas rosadas com a base preta.
§ Ardea alba melanorhynchos (Wagler, 1827) - ocorre na África, do sul do deserto do Saara até Madagascar. de porte semelhante a ssp. modesta. Durante a reprodução tem bico e tíbia pretos; olhos vermelhos e lores verde-azulados brilhantes. Depois olhos amarelos, lores verde pálido a verde-amarelo e o bico gradualmente torna-se amarelo, começando na base, embora a ponta sempre permaneça escura.
§ Ardea alba egretta (J. F. Gmelin, 1789) - ocorre nas Américas, do sul do Canadá até a Terra do Fogo. De porte semelhante a ssp. modesta. Durante a reprodução, o bico é amarelo alaranjado com o culmen, pernas e coxas pretas.
Alguns autores consideram uma quarta subespécie:
§ Ardea alba modesta (J. E. Gray, 1831) – ocorre no Subcontinente Indiano, China, sul do Japão e Coreia, Nova Guiné, Austrália (exceto no interior árido) e na Nova Zelândia. De menor porte em comparação ao tipo, com protuberância no pescoço mais profunda e dedos muito grandes. Durante a reprodução tem bico totalmente preto, lores verdes, coxas rosa a vermelho-púrpura e pernas e coxas pretas.
Alimentação
Alimenta-se principalmente de peixes, mas já foi vista comendo quase tudo o que possa caber em seu bico. Pode consumir pequenos roedores, anfíbios, répteis, insetos, pequenas aves e até lixo. Em pesqueiros aproxima-se muito dos pescadores para pegar pequenos peixes por eles dispensados, chegando a comer na mão. É muito inteligente e pode usar pedaços de pão como isca para atrair os peixes dos quais se alimenta. Engole às vezes cobras e preás. Aproxima-se sorrateiramente com o corpo abaixado e o pescoço recolhido e bica seu alimento, esticando seu longo pescoço. Há relatos de pessoas que afirmam que ataca ninhos de pequenas aves em áreas de mangue onde costuma se alimentar. Quando está caçando, avança em um ritmo bastante lento, em águas bastante profundas ou em terra seca, dependendo da presa procurada. Pode ficar parada, se necessário, por longos períodos. Sabe como usar uma perna para mexer a água e, assim, espantar a presa, que é capturada. A presa é arpoada com o bico, o que prova ser uma arma muito eficaz devido à rapidez do pássaro no relaxamento do pescoço.
Reprodução
Sendo uma ave cosmopolita, a época da reprodução depende da subespécie e de sua distribuição. Na época da reprodução os indivíduos de ambos os sexos apresentam longas penas no dorso chamadas egretas. Estas egretas foram por muito tempo moda como adorno de chapéus e roupas na Europa e a demanda pelas penas levou centenas de milhares de garças à morte justamente em seu período reprodutivo. Felizmente é uma prática quase inexistente hoje em dia e a população desta garça é bem numerosa. Pode aninhar-se sozinha, mas na maioria das vezes o faz em colônias, que podem ter centenas a milhares de indivíduos, na companhia de outras espécies de ardeidae ou de outras famílias (íbis, colhereiros, corvos-marinhos etc.). O ninho é uma plataforma solta feita de gravetos, caules de plantas aquáticas, com um metro de diâmetro em média e 20 cm de espessura. Os adultos adicionam material na periferia do ninho, até que os jovens voem. O mesmo ninho pode ser reutilizado no ano seguinte se tiver sobrevivido ao mau tempo. A fêmea põe 4-5 ovos lisos, azul esverdeados ou azuis claros. A incubação dura 23 ou 24 dias, e é feita pelo casal. Os pintinhos são seminidífugos e aventuram-se, assim que completam 15 dias, nos galhos ao redor do ninho. Ambos os pais os alimentam por regurgitação diretamente na garganta. Começam a realizar voos curtos com 35 a 40 dias de idade.
Hábitos
Ocupa uma grande variedade de áreas úmidas, seja na costa ou no interior, e até em ambientes terrestres localmente. Vive em grupos de vários animais à beira de rios, lagos e banhados. É migratória, realizando pequenos deslocamentos locais ou mesmo se deslocando para além dos Andes durante os períodos de enchentes anuais. Passa voando em áreas urbanas indo para dormitórios. Tem atividade diurna. À noite, reúnem-se em grande número nos dormitórios comunitários em árvores, localizadas em áreas com pouca ou nenhuma perturbação. As asas longas e largas dão-lhe um voo majestoso devido a batidas amplas e lentas das asas. O voo é direto e sustentado, com batidas de asas regulares, sendo o deslizamento usado apenas quando se aproxima do destino, quando desliza em direção ao solo.
Voz: bissilábico “ha-tá”; quando voa baixo um “rat, rat, rat…”. Quando preocupada, emite um “kraaaah” muito alto e rouco durante o voo. Em suas áreas de reprodução, o vocabulário é diversificado durante o namoro, entre o casal, ou nas interações entre indivíduos na colônia.
Referências
§ Martínez-Vilalta, A., Motis, A. & Kirwan, G.M. (2016). Great White Egret (Ardea alba). In: del Hoyo, J., Elliott, A., Sargatal, J., Christie, D.A. & de Juana, E. (eds.). Handbook of the Birds of the World Alive. Lynx Edicions, Barcelona.
§ Sick, Helmut. Ornitologia Brasileira, Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1997.
§ SIGRIST, T. Avifauna Brasileira: The avis brasilis field guide to the birds of Brazil, 1ª edição, São Paulo: Editora Avis Brasilis, 2009.
§ WikiPedia - A Enciclopédia Livre, Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Garça-branca-grande>. Acessado em: 05 abril 2009.
§ SANTIAGO, R. G. Garça-branca-grande ( Ardea alba (ex Casmerodius albus) ) Guia Interativo de Aves Urbanas, 17 mar. 2007. Available in: <http://www.ib.unicamp.br/lte/giau/visualizarMaterial.php?idMaterial=441>. Access in: 01 apr. 2009.
§ Youtube - Garça pescando com pão. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=2WdqW5UBRag>. Acessado em 13 jul. 2013.
§ https://www.oiseaux.net/oiseaux/grande.aigrette.html.
§ https://birdsoftheworld.org/bow/species/greegr/cur/introduction.
Fotos cedidas: Branco Melo