Mergulhão

Pato-mergulhão

O pato-mergulhão é uma ave anseriforme da família Anatidae. Também conhecido como merganso do sul, mergulhador, patão e pato-mergulhador.

O Mergus octosetaceus só sobrevive em ecossistemas ambientalmente equilibrados, em especial aqueles em que há cursos d'água limpos e transparentes. Por causa dessa peculiaridade - e dada a delicada situação dos recursos hídricos do planeta no século 21 -, não é de espantar que essa ave aquática seja classificada como “criticamente em perigo” nas listas das espécies consideradas em sério risco de extinção.

No mundo todo restam menos de 250 indivíduos tentando subsistir em algumas áreas do Brasil. Por aqui, ainda são avistados de forma esparsa na Chapada dos Veadeiros, em Goiás, e no Jalapão, no Tocantins onde foi estimada em 2010 uma população de cerca de 14 indivíduos sobrevivendo no Rio Novo. Em 2019, novo censo registrou 25 indivíduos no Rio Novo. O maior grupo, com cerca de 100 espécimes, resiste na serra da Canastra, no sudoeste de Minas Gerais, em um trecho perto dos limites do parque nacional homônimo. A razão principal dessa surpreendente população está na excelência das águas do São Francisco e de alguns de seus afluentes em um pequeno trecho que vai do alto da serra até a parte baixa da cachoeira Casca d'Anta - o cartão-postal do parque -, em um raio de 50 quilômetros desde a sua nascente.

Atualmente, sabe-se que as mais terríveis ameaças à espécie são a retirada da mata ciliar, o assoreamento dos rios, a expansão da agropecuária e o uso de agrotóxicos. “O crescimento do turismo desorganizado e a prática de esportes radicais nas proximidades de seu território e ninhos também tiram o sossego desses animais, arredios e sensíveis a perturbações humanas.

ATENÇÃO

Entre maio e setembro, o pato-mergulhão está em sua temporada de nidificação. Tanto no período de postura e incubação dos ovos, quanto nos cuidados com a prole, a prática do playback causa estresse, gastos desnecessários de energia e outros prejuízos ao casal. Dentre eles, faz o macho, em seu importante papel de sentinela do ninho, afastar-se das proximidades do mesmo à procura do pseudo invasor, deixando a fêmea desguarnecida dentro do ninho, vulnerável à ação de predadores. Eventualmente, a fêmea pode se juntar ao macho, para tentar afugentar esta ameaça ilusória, oriundo do playback e abandonar os ovos.

Entendemos que, para espécies criticamente ameaçadas, playback deveria ser usado somente em condições excepcionais e restritas às metodologias voltadas à pesquisa e conservação. No caso do pato-mergulhão, não deve ser utilizado em tempo algum. A prática do playback pode reduzir ou impedir o sucesso da nidificação dessa ave ameaçadíssima.

Portanto, a obtenção de uma foto dessa ave com esse custo é indefensável e injustificada. O grupo de especialistas envolvidos no Plano de Ação Nacional para a Conservação do Pato Mergulhão ressalta a responsabilidade daqueles genuinamente interessados na nossa natureza para não usarem playback visando atrair o pato-mergulhão (texto elaborado por especialista do PAN Pato-mergulhão, favor não alterar).

Pratique a observação de aves na sua essência.

Nome Científico

Seu nome científico significa: do (latim) Mergus = mergulhão; nome utilizado para definir ave aquática não identificada, mencionada por Plínio, Terêncio Varro e pelo poeta Horácio Flaco; e octo = oito; e setaceus, seta = com cerdas, cerdas. ⇒ Mergulhão oito cerdas.

Características

Seu bico longo, fino, serrilhado e recurvo é adaptado para capturar peixes com mergulhos de extrema destreza. Penacho nucal desenvolvido e preto (preto esverdeado no macho, menor e cor de chocolate na fêmea). Silhueta baixa quando nada. Grande marca dividida na asa. Pés vermelhos. Apresenta asa de 21 centímetros, a cauda de 10 centímetros, um bico de 3,2 centímetros em média e tarso de 4,2 centímetros. Mede cerca de 55 centímetros.

Alimentação

Sobe e desce rios encachoeirados à procura de pequenos peixes (Characidae e Loricariidae).

A espécie necessita de correntes d'água 100% limpas e claras, protegidas por matas ciliares preservadas e com abundância de peixes, em especial o lambari.

Reprodução

São monogâmicos, com período reprodutivo entre maio e setembro, quando chocam até oito ovos por ninhada. Os filhotes nascem depois de pouco mais de 30 dias de incubação e permanecem com os pais por até cinco meses.

Nidifica em cavidades de árvores, rochas e terra à beira dos rios e riachos. É totalmente dependente do curso d'água onde vive. Voa baixo ao longo do rio, pousando em rochas, bancos de areia (praia) e troncos caídos na água. Uma das poucas aves brasileiras adaptadas a rios de regiões de planalto.

Hábitos

Freqüenta rios rápidos de montanha, mergulha muito. Vive em rios ou ribeirões com corredeiras, em regiões serranas. Principalmente em rios com fundo areno/rochoso e onde a coluna d'água é rasa, possibilitando a visibilidade do fundo indispensável para sua alimentação e caça de presas.

Fotos cedidas: Branco Melo